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Lula à deriva, Haddad fragilizado (por Hubert Alquéres)

As escolhas do governo revelam mais do que um ministro sem força — mostram um Planalto sem rumo, pressionado por disputas internas

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Ricardo Stuckert/PR
Imagem colorida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Lula - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Lula - Metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Longe estão os dias em que Fernando Haddad era o ministro mais forte do governo Lula. Desde o segundo semestre de 2024, a imagem do ministro da Fazenda sofre um processo de erosão, afetada por episódios como a crise do PIX e a “taxa das blusinhas”. Nada se compara, contudo, à barbeiragem do aumento do IOF, na qual o ministro teve de recuar, ainda que parcialmente, diante da forte reação dos agentes econômicos. De quebra, Haddad forneceu munição para seus inimigos internos, que jogam sobre seus ombros a responsabilidade pelos altos índices de desaprovação do governo.

O episódio do IOF é demonstrativo do isolamento do ministro da Fazenda dentro do governo. Nem mesmo seu amigo e presidente do Banco Central Gabriel Galípolo o apoiou. Os torpedos contra Haddad vieram de onde se esperava: o trio de ministros palacianos — Rui Costa, Sidônio Palmeira e Gleisi Hoffmann — abriu fogo contra ele, carimbando-o como “prepotente” e “incompetente”.

Esses ministros alinham-se à corrente “desenvolvimentista” do Partido dos Trabalhadores, para a qual Haddad pratica um “austericídio”. A própria Gleisi, ainda na presidência do PT, já havia feito críticas à política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda. Essa divergência é antiga e levou muitos setores do PT a direcionarem ataques ao arcabouço fiscal desenhado por Haddad. Em um primeiro momento, Lula bancou a proposta, sobretudo porque ela tinha como eixo o aumento da receita, e não o corte de despesas.

Quanto mais a sucessão presidencial se aproxima, maior a pressão pela gastança, por meio de uma “guinada à esquerda”, como preconizou José Dirceu de volta ao centro do debate interno do PT em carta aberta ao partido. Nela, defendeu uma “revolução social contra o Banco Central e o capital financeiro e agrário”. Com Lula já em modo de campanha e convicto de que “só perco a eleição para mim mesmo”, o risco de um cavalo de pau na política econômica é latente.

Bem ou mal, Haddad tem sido o elemento de contenção para que o arcabouço fiscal não vá totalmente por água abaixo. Mas as atuais regras fiscais têm prazo de validade. Segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, será inviável governar em 2027 com as regras atuais sem gerar inflação, aumentar a dívida pública e comprometer a economia.

Antes de 2027, porém, há o aqui e agora. Com Lula anunciando, semana sim, outra também, medidas de apelo popular, mas com impacto direto no aumento da dívida pública e na inflação, o arranjo fiscal moderado de Haddad dificilmente se manterá de pé, pois o Ministério da Fazenda está de mãos atadas para adotar medidas de austeridade.

Haddad agiu com amadorismo ao anunciar uma medida que teve de revogar seis horas depois. Equivocou-se também ao emparelhar uma medida positiva — o contingenciamento de despesas na ordem de R$ 31 bilhões — com o aumento do IOF. Repetiu-se, assim, o erro do ano anterior, quando o governo anunciou, ao mesmo tempo, medidas de contenção de despesas e isenção no imposto de renda.

Por que o ministro da Fazenda cometeu ao erro do IOF? A explicação está no fato de que, sem essa fonte de recursos, o déficit orçamentário ao final de 2025 chegará a R$ 76 bilhões, quantia bem superior ao limite de tolerância estabelecido pelo Arcabouço Fiscal, de R$ 31 bilhões. Das duas, uma: ou o governo amplia o contingenciamento, ou a meta fiscal não será cumprida neste ano, gerando um déficit correspondente a 0,6% do PIB.

O episódio do IOF não é a causa, mas a consequência de um erro estratégico maior: tentar equilibrar as contas públicas apenas pelo lado da receita, descartando cortes de despesas. Por esse caminho, o governo não conseguiu estabilizar a dívida pública. Ao contrário, promoveu sua expansão, de forma exponencial. No início do terceiro mandato de Lula, a dívida pública correspondia a 71,7% do PIB. Deve saltar para 84% ao final de 2026 — um salto de cerca de doze pontos em apenas quatro anos.

Na cabeça de Lula, gasto é vida. O problema se agrava porque Haddad também é um “desenvolvimentista”, embora moderado. Isso o coloca sob dois fogos. De um lado, frustra as expectativas dos agentes econômicos, como deixou claro a nota assinada por sete entidades patronais exigindo a revogação total do pacote do IOF. De outro, desagrada à ala mais intervencionista do PT, com forte presença na bancada parlamentar e influência no núcleo duro do governo.

De olho nesse embate, os agentes econômicos temem que a queda de braço entre as correntes do governo se resolva em favor dos defensores da expansão fiscal por meio de projetos de apelo popular. Há, no mercado, um raciocínio pragmático: ruim com Haddad, pior sem ele. Mas para tudo há um limite. O Congresso, que respaldou o ministro da Fazenda em votações adas, agora soma sua voz ao clamor do mundo dos negócios contra manobras extrafiscais, como a tentativa de aumentar a arrecadação via IOF, um imposto com fins regulatórios.

Há o temor de que Lula, no afã de conquistar um quarto mandato, repita o que ocorreu no governo Dilma, entre 2013 e 2014. À época, mirando a reeleição, a então presidente turbinou o consumo e os investimentos públicos, adotando ainda medidas populistas de represamento de preços e tarifas, como a da energia.

O sinal amarelo acendeu com a da Medida Provisória que amplia a Tarifa Social de Energia Elétrica, beneficiando mais de 60 milhões de brasileiros. A medida prevê gratuidade na conta de luz para famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com renda per capita de até meio salário mínimo e consumo mensal de até 80 kWh. A fatura dessas benesses recairá sobre a classe média e as empresas.

Embora o governo apresente a MP como uma iniciativa de justiça tarifária e inclusão social, há críticas quanto ao seu impacto financeiro e ao timing político. Estima-se que a medida transferirá custos de energia para pequenas e médias empresas e famílias de classe média, com impacto financeiro estimado em R$ 4 bilhões. Especialistas também expressam preocupação com o caráter populista da iniciativa, especialmente considerando a proximidade das eleições de 2026.

A percepção de anomia no governo ganhou corpo com a recente entrevista de José Dirceu no portal UOL. Com franqueza, o ex-ministro escancarou o que já se insinua há tempos: Lula governa sem direção. O episódio do IOF confirmou essa deriva. Isolado, Haddad tomou uma decisão relevante sem dialogar com o mercado, sem consultar o Banco Central, sem medir os efeitos na política monetária. É um erro grave — decisões assim não se tomam no improviso.

Sem rumo, sem projeto e sem coordenação, o governo Lula transforma a política econômica num terreno de improviso — e o país, num barco à deriva.

 

Hubert Alquéres é presidente da Academia Paulista de Educação.

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