Réu por furtar ex-chefe do TCE acusa delegado de fazer gesto de facção
Advogado investigado por furto de celular tentou descredibilizar delegado responsável por investigação. Ele nega ter cometido o crime
atualizado
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A defesa do advogado criminalista Enio de Moraes Pestana Junior, réu por furtar o celular de um ex-presidente do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), tentou descredibilizar o delegado responsável pela investigação do caso, dizendo que ele seria frequentador de “eventos de baderna” e insinuando que ele seria integrante de organização criminosa. Para isso, utilizou uma foto da autoridade policial em uma festa.
No processo, os advogados de Enio afirmaram que o delegado Ricardo Prezia, titular do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), teria manipulado o inquérito policial para perseguir o advogado, com quem supostamente teria uma rixa.
“O delegado não mantém postura condizente com o cargo de delegado que ocupa, apresentando-se como pessoa soberba e dissimulada, há relatos de que a dita autoridade tem costume de se embriagar com frequência”, disse a defesa de Enio.
“Posar para foto em eventos de baderna, com olhos avermelhados, língua para fora, copo de bebida destilada na mão, com nítida expressão de embriaguez, e pior, fazendo gestos que remetem menção a sinais de afinidade ou simpatizante com facção criminosa”, acrescentou.

Segundo a defesa do advogado, o delegado seria conhecido conhecido como “encrenqueiro” e acostumado a “usar seu cargo e porte de arma para se sobrepor contra pessoas de bem”.
- O furto do celular ocorreu em 31 de agosto do ano ado, em uma sala VIP do Aeroporto de Congonhas, e foi flagrado por uma câmera de segurança. De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve o, o ex-presidente do TCE deixou o seu iPhone 13 carregando ao lado de seu assento na sala VIP do aeroporto.
- Então, levantou para ir ao banheiro do local e deixou o celular carregando, mas ao retornar ao seu assento, o aparelho continuava no mesmo lugar.
- Minutos depois, o homem levantou-se mais uma vez para pegar um suco, mas desta vez quando voltou não o encontrou.
- Ele chegou a perguntar a uma pessoa, que também estava na sala VIP, que lhe disse que não havia visto o celular, mas sim um homem deixando o local de forma agitada.
- Em sua defesa, Enio nega ter furtado o celular e diz que foi feita uma montagem.
A tentativa da defesa de Enio de descredibilizar o delegado não foi levada em consideração pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) na denúncia. O promotor Tomás Busnardo Ramadan pediu a condenação do advogado por furto.
Na manifestação, ele destacou que foi possível identificar o advogado porque, ao entrar na sala VIP, ele apresentou sua carteirinha de advogado. A denúncia foi aceita pelo juiz Marcos Vieira de Morais, da 26ª Vara Criminal, no último dia 28 de abril.
“Observa-se que a denúncia preenche os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, havendo prova da materialidade e indícios suficientes de autoria”, afirmou o magistrado.
Após a decisão, a defesa de Enio Pestana Junior apresentou renúncia e deixou oficialmente de representá-lo no processo. Antes disso, o acusado negava o crime. O Metrópoles busca contato com Enio. O espaço está aberto para manifestação. Ricardo Prezia não foi localizado pela reportagem. O espaço está aberto para manifestação.