Motta diz que Câmara vai declarar perda do mandato de Zambelli
“Quando há conclusão de julgamento no Supremo, não cabe mais ao presidente colocar em votação”, disse Hugo Motta sobre caso Zambelli
atualizado
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta segunda-feira (9/6) que a Casa vai declarar a perda do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), cumprindo o rito estabelecido em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Motta participou, nesta manhã, de um seminário sobre a situação fiscal do país, em São Paulo. O parlamentar disse que, para além de medidas pontuais que visam ao aumento da arrecadação, é necessário promover corte de gastos para que o país consiga equacionar as contas públicas.
Na parte final do do qual participou, o presidente da Câmara foi questionado sobre qual seria o comportamento do Legislativo após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no último sábado (7/6), de que a Casa deve declarar a perda do mandato da parlamentar.
Na sexta-feira (6/6), a Primeira Turma do Supremo rejeitou, por unanimidade, um recurso apresentado pela defesa da deputada contra a condenação a 10 anos de prisão e à perda do mandato pela invasão dos sistemas internos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O colegiado declarou o trânsito em julgado do caso – ou seja, o encerramento do processo, sem brechas para novos recursos.
“Cabe ao presidente da Casa defender as prerrogativas parlamentares. É isso o que temos procurado fazer. O caso da deputada Carla Zambelli é atípico. Não tem precedentes na Câmara dos Deputados”, afirmou Motta.
“O Supremo, penso eu, por causa da decisão dela de fugir para outro país, antecipou a análise desses embargos”, explicou o presidente da Câmara.
“Quando há conclusão de julgamento no Supremo, não cabe mais ao presidente colocar em votação porque já tem condenação. Então, a decisão judicial tem que ser cumprida. O tratamento que vamos dar é seguir o rito regimental para o cumprimento da decisão do STF, porque é a única alternativa, coisa que temos a fazer, já que o processo judicial dela foi concluso com a sua condenação”, concluiu.
Zambelli deixou o Brasil
No dia 25 de maio, por via terrestre, Zambelli cruzou a fronteira do Brasil com a Argentina por Foz do Iguaçu (PR). Da Argentina, a parlamentar pegou um voo para a Flórida, nos Estados Unidos, onde ou alguns dias.
Como mostrou o Metrópoles, nos dias subsequentes à saída dela do país, a deputada licenciada continuou a tomar posição nas votações, registrando presença em cinco sessões da Câmara ocorridas de 26 de maio até segunda-feira (2/6).
Zambelli só anunciou que havia saído do país na última terça-feira (3/6). Na ocasião, a parlamentar também afirmou que viajaria à Europa por ter cidadania. Dois dias depois da declaração, Zambelli chegou à Itália.
Logo depois do anúncio da saída dela do Brasil, a prisão preventiva foi determinada por Moraes, que atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O ministro também acatou outra solicitação da PGR e determinou que a PF realizasse os procedimentos necessários à inclusão de Zambelli na difusão vermelha da Interpol, assim como informasse ao juízo a localização, para viabilizar a extradição.
Na quinta-feira (5/6), o nome de Zambelli foi incluído na lista da Interpol. Com a medida, a parlamentar, em tese, pode ser presa em outros países.
Condenada a 10 anos de prisão
Carla Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
De acordo com a PGR, a deputada e o hacker Walter Delgatti atacaram sistemas do CNJ com o objetivo de desacreditar o Judiciário e incitar atos antidemocráticos.
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, à perda do mandato parlamentar (a ser declarada pela Câmara dos Deputados) e à inelegibilidade.
Delgatti pegou 8 anos e 3 meses de prisão, em regime inicialmente fechado. Ele já cumpre prisão preventiva.
Ambos ainda foram condenados a pagar uma indenização de R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.