Saiba como fala de Cupertino em júri se tornou munição para acusação
Acusado de triplo homicídio qualificado, Cupertino negou o crime, mas afirmou que não matou “mais ninguém” em depoimento ao júri
atualizado
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O promotor do Ministério Público de São Paulo (MPSP) Thiago Alcocer Marin (imagem em destaque) deu destaque a uma frase dita por Paulo Matias Cupertino no primeiro dia do julgamento que pode condená-lo por triplo homicídio qualificado. O réu, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais do jovem, em 9 de junho de 2019, disse em depoimento, nessa quinta (29/5), que não matou “mais ninguém”.
Cupertino respondia às perguntas da defesa em interrogatório quando deu a declaração. Não se sabe, ainda, se ele se referia a um suposto homicídio que cometeu quando ainda se relacionava com a ex-companheira, Vanessa Tibcherani – crime do qual não há provas – ou da tripla execução do ator de Chiquititas e seus pais.
Esta sexta-feira (30/5) marca o segundo e último dia do julgamento de Paulo Cupertino e de outros dois réus: Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, que são acusados de ajudar o suposto homicida a fugir.
Ao longo do dia, irão acontecer os debates entre a acusação e a defesa, com oportunidade para réplica e tréplica caso julguem necessário. Só então os jurados devem ir para a sala secreta decidir se os réus são culpados ou inocentes. O juiz Antônio Carlos Pontes de Souza é quem vai dar a sentença, no caso de condenação.
Em testemunho na sessão de quinta-feira, Cupertino negou ter cometido o crime. Ele alegou que “não tinha motivo” para matar, já que não conhecia a família de Rafael. “Eu nunca soube que a Isabela namorava”, afirmou. De acordo com a investigação, o empresário teria assassinado as vítimas porque não concordava com o namoro da filha com o ator (veja mais abaixo).
De frente para o júri e o público que acompanha a audiência, o acusado disse saber que “já está pronta sua sentença”. “Eu sei que minha sentença já está ali programada”, afirmou. “Se for 200 anos de cadeia, eu vou tirar tranquilo”, complementou.
“Não matei mais ninguém”, disse, em meio a alegações para tentar se defender da acusação de triplo homicídio.
Entenda como funciona o julgamento
- O julgamento pelo Tribunal do Júri começou na quinta-feira (29/5) com o sorteio dos jurados: de uma lista de 25 nomes, sete são sorteados para compor o Conselho de Sentença.
- Os jurados sorteados fizeram a leitura das peças principais do processo, para se inteirar do caso julgado.
- O Conselho de Sentença que decide sobre a condenação ou absolvição dos réus, cabendo ao juiz somente presidir os trabalhos, realizar a dosimetria da pena em caso de condenação e redigir a sentença.
- Após a leitura dos casos, aconteceu as oitivas das testemunhas.
- Nesta sexta-feira (30/5), começa a fase dos debates, quando representantes da Acusação, da Defesa e do Ministério Público expõem suas teses ao Conselho de Sentença.
- A fase dos debates funciona da seguinte forma: Primeiro, a Acusação tem a palavra. O promotor de Justiça Thiago Alcocer Marin, representando o Ministério Público, e a assistente de Acusação Maria Gorete Silva Carvalho terão a palavra por duas horas e meia.
- A seguir, será a vez da Defesa dos réus, por mais duas horas e meia. Se houver réplica do MP, o tempo é de mais duas horas para a Acusação e igual tempo para a tréplica da Defesa.
- Após os debates, o Conselho de Sentença se reúne na sala secreta para votar os quesitos e decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus.
- A etapa final é a preparação da pena e leitura da sentença pelo juiz.
Relembre o crime
O triplo assassinato aconteceu no dia 9 de junho de 2019 em Pedreira, na zona sul da capital paulistana.
De acordo com denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai dele, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.
Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.
Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas. Ele foi acusado de triplo homicídio qualificado. Depois do crime, fugiu para Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. O acusado foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel, em maio de 2022.