Gol encaminha conclusão da recuperação judicial nos EUA em junho
Segundo a Gol, o processo avançou após aprovação de propostas sobre o assunto, por parte dos acionistas da companhia, em reuniões nesta 6ª
atualizado
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A Gol informou nesta sexta-feira (30/5) que está encaminhando a conclusão de seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos já para o início do mês de junho.
De acordo com a companhia, o processo avançou após aprovação de propostas sobre o assunto, por parte dos acionistas da companhia, em duas reuniões realizadas nesta sexta.
Nas assembleias geral extraordinária e especial de preferencialistas, os acionistas da Gol aprovaram um aumento de capital social de pelo menos R$ 5,34 bilhões e, no máximo, R$ 19,2 bilhões.
“As aprovações que recebemos hoje representam um dos marcos finais do nosso processo supervisionado pelo tribunal, abrindo caminho para a conclusão da nossa reestruturação no curto prazo”, afirmou o diretor-presidente da Gol, Celso Ferrer, por meio de nota.
Segundo a Gol, o conselho da companhia verificará o valor dos créditos a serem capitalizados no aumento de capital, na data prevista no plano de recuperação judicial, e determinará o valor da operação aprovada nesta sexta-feira.
Acordo com último credor
No começo de maio, a Gol havia informado que chegou a um acordo com o último credor, a Whitebox Advisors LLC.
Em documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Gol afirmou que o acordo resolve, de forma consensual, uma disputa relativa à contraprestação a todos os detentores dos títulos sêniores conversíveis de 2024, no âmbito do plano de reestruturação financeira da companhia, por meio do o “Chapter 11” – mecanismo jurídico nos EUA que permite a reorganização de dívidas de empresas em dificuldades financeiras.
“A companhia está satisfeita por ter alcançado este acordo com a Whitebox, pois garante o apoio de seu último principal stakeholder econômico e proporciona à companhia um caminho claro para a audiência de confirmação do plano totalmente consensual”, disse a Gol, na ocasião.
Segundo o entendimento com a Gol, a Whitebox á o Acordo de Apoio ao Plano firmado entre a companhia, a Abra Group Limited e o Comitê Oficial de Credores Não Garantidos.
De acordo com a companhia aérea, o plano será modificado para prever, entre outros pontos, alterações nas distribuições para os detentores de reivindicações gerais não garantidas de devedor por devedor.
Endividamento
Segundo a Gol, haverá uma redução expressiva do endividamento da empresa, com a conversão em capital ou a eliminação de até US$ 1,7 bilhão em dívidas financeiras pré-recuperação judicial e até US$ 850 milhões em outras obrigações.
“Nesse contexto, considerando que a conversão será realizada com base no valor econômico das ações da Gol imediatamente anterior à sua implementação, em conformidade com a legislação aplicável, espera-se uma diluição substancial da base acionária atual da companhia (ressalvado o direito de preferência dos acionistas, conforme previsto na legislação brasileira)”, afirmou a companhia aérea, na ocasião.
Fusão Gol-Azul
A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.
Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.
Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano ado.
De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.
A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.
A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.
Assim como a Gol, a Azul entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA.