Gilmar não cogitava sanções de Trump a Moraes: “Nenhuma possibilidade”
Em entrevista antes da posse de Trump, ministro decano Gilmar Mendes afirmou que não via “nenhuma possibilidade de retaliação ao STF”
atualizado
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Ministro com mais tempo de atuação no STF, Gilmar Mendes foi surpreendido quando soube que o governo de Donald Trump discute sanções contra Alexandre de Moraes.
Em entrevista à coluna antes da posse de Trump, Gilmar afirmou não acreditar que os norte-americanos fossem capitanear uma ofensiva: “Nenhum temor. Ninguém acredita nisso. Não vejo nenhuma possibilidade de retaliação”.
O ministro avaliava que a relação histórica entre Brasil e Estados Unidos impediria que sanções fossem cogitadas, mesmo após embates entre Moraes e Elon Musk, dono da rede social X [antigo Twitter] e atual integrante da gestão de Trump. Disse Gilmar Mendes:
“Nenhum temor [de retaliações do governo Trump]. Ninguém acredita nisso. As relações institucionais se fazem de maneira normal, tranquila. Ainda ontem estive na embaixada americana, e lá a [ex-] embaixadora [Elizabeth Bagley] falava dos 200 anos de relações que o Brasil mantém com os Estados Unidos, ando pelos mais diversos governos ao longo desses anos”, disse o ministro, em dezembro.
Magistrado decano do STF, Gilmar Mendes prosseguiu:
“É uma relação muito marcante, a presença do capital americano no Brasil e a cooperação que existe. Nós também temos empresas grandes nos Estados Unidos. Em suma, há uma cooperação natural e compreensível. Não vejo nenhuma possibilidade de retaliação.”
Na última quinta-feira (22/5), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou haver “grande possibilidade” de sancionar Alexandre de Moraes com a severa Lei Magnitsky.
A medida em análise é mais dura que a perda do visto, pois incluiria, ainda, sanções financeiras ao magistrado.
Gilmar Mendes reage a Marco Rubio
Após a declaração de Marco Rubio, Gilmar Mendes publicou uma nota em rede social.
“A regulamentação das plataformas digitais e o estabelecimento de parâmetros para discursos odiosos constitui elemento basilar da soberania nacional para qualquer nação contemporânea. Não há paradigma universal.”
“A experiência brasileira mostrou nos últimos anos que câmaras de eco e manifestações extremistas corroem os fundamentos republicanos. Cabe a cada Estado, mediante aparato institucional próprio, salvaguardar preceitos democráticos.”
“Não se pode itir que agentes estrangeiros cerceiem o exercício da jurisdição doméstica na tutela de garantias constitucionais. A autonomia normativa representa imperativo da autodeterminação democrática”, finalizou o ministro.
Por determinação de Lula, o Itamaraty tenta demover os EUA de sancionarem Alexandre de Moraes.