Nut: imagens do Antigo Egito revelam representações da Via Láctea

Tentando entender o papel que a Via Láctea tinha na cultura e religião do Antigo Egito, o astrofísico Or Graur, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, investigou representações da deusa Nut. De acordo com o cientista, algumas das imagens analisadas mostram uma curva ondulada atravessando seu corpo, possivelmente representando a Via Láctea. A observação foi publicada no periódico Journal of Astronomical History and Heritage na última quarta-feira (30/4).

Durante a pesquisa, o astrofísico analisou 125 imagens da deusa Nut encontradas entre 555 caixões egípcios antigos, datados há quase cinco mil anos. Ele também cruzou conhecimentos de astronomia com egiptologia.

Em várias cenas que refletem o céu pela manhã e à noite, a deusa é retratada como uma mulher nua e arqueada, sendo coberta de estrelas e discos solares em algumas delas. Segundo as histórias mitológicas, Nut protegia a Terra de ser inundada pelas águas e tinha um papel fundamental no ciclo solar, engolindo o sol quando se põe e “dando a luz” ao amanhecer.

Já no caixão de Nesitaudjatakhet, a forma de que Nut foi representada chamou a atenção do pesquisador, pois era diferente do habitual. O corpo da deusa tinha uma curva ondulada preta que ia dos pés às mãos e havia estrelas pintadas dos dois lados dessa curva. “Acredito que a curva ondulada é uma representação visual da Via Láctea”, escreve o astrofísico no artigo.

O pesquisador explica que a curva ondulada representa a Grande Fenda, uma faixa escura de poeira que atravessa a luz da Via Láctea. Haviam semelhanças na ondulação representada no corpo de Nut e fotos atuais da galáxia do nosso Sistema Solar. Ainda assim, o autor destaca que os egípcios antigos não viam Nut como a Via Láctea e sim como parte dela, como se fosse um ório no corpo da deusa.

Utilizando comparações que o próprio cientista fez em abril do ano ado e simulações do céu noturno do Egito antigo, o autor descobriu que Nut era vista pelos egípcios como o próprio céu e não como Via Láctea.

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