General Dutra chama reunião com Torres sobre QG em 6/1 de “cafezinho”
General decidiu comparecer em depoimento ao STF após insistência da defesa de Anderson Torres. Dutra contou que QG estava “vazio”
atualizado
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O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, chamou de “cafezinho” uma reunião com o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) Anderson Torres sobre o acampamento em frente ao QG do Exército. Ainda segundo o militar, a mobilização em frente ao Quartel-General estava esvaziado em 6 de janeiro de 2023, dois dias antes do ataque às sedes da República na Praça dos Três Poderes.
Dutra é uma das testemunhas de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres ouvidas nesta sexta-feira (30/5) na ação penal que investiga suposta trama golpista contra a eleição de Lula (PT). O general era esperado para depor na manhã de quarta-feira (28/5), mas não compareceu.
Ao ser questionado pela defesa do ex-ministro sobre a reunião que contou com a presença do próprio general, além de Torres, Dutra disse que foi um encontro de apresentação e para informar que havia 200 pessoas em situação de rua em frente ao QG do Exército, em Brasília.
Por isso, o general informou a Torres que o acampamento começou a desmobilizar e mostrou fotos ao então secretário sobre a situação de momento. E, devido a essa situação, Dutra pediu que fosse chamada a secretária de Desenvolvimento Social do Distrito Federal, Ana Paula Marra.
“Participei de um cafezinho de cortesia com Anderson torres, dia 6, às 10h. Um café para nos apresentarmos [pois] o secretário acabava de assumir a função. Fui convidado para conhecê-lo e chamei a secretária de Desenvolvimento Social para tratar das pessoas em situação de vulnerabilidade. Mostrei para o Anderson Torres que o acampamento estava bem esvaziado e que havia pessoas em situação de rua. Mostrei por meio de fotografias”, explicou o militar.
Mais cedo, Ana Paula prestou depoimento e citou que o encontro também teve como objetivo a apresentação de um plano de Torres para prender os líderes do acampamento. A chefe da pasta deu uma versão similar à do general sobre ter sido chamada para empenhar esforços na desmobilização de pessoas em situação de rua.
“O general Dutra e Torres estavam falando de mandado de prisão para líderes do acampamento. Fui acionada posteriormente a tudo isso, quando houve a prisão de muitas pessoas que ficaram na PF, e não havia condições de serem transferidas para o sistema carcerário”, explicou Ana.
General antecipa depoimento
Após faltar no primeiro depoimento, o general era esperado na segunda-feira (2/6). Entretanto, o militar compareceu ao STF nesta sexta.
A defesa de Torres solicitou o depoimento do general por conta de uma reunião entre os dois, realizada em 6 de janeiro de 2023, na sede da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, em Brasília. O encontro não teve registro em ata — procedimento considerado padrão em reuniões institucionais.